Elis!

Direção
Hugo Prata

Roteiro
Nelson Motta
Patricia Andrade

Produção
Zulu Filmes

Distribuição
Downtown Filmes
Paris Filmes

Sinopse 1

Rio de Janeiro, 31 de março de 1964. Elis Regina, 19 anos recém-feitos, desembarca na cidade acompanhada por seu pai, Romeu Costa. É a terceira vez que a menina-prodígio da Rádio Farroupilha e então crooner do “Conjunto Flaboyant” sai de Porto Alegre para tentar a sorte como cantora.

Cheios de expectativas em solo carioca, pai e filha não prestam a devida atenção à incomum movimentação de soldados pelas ruas, um reflexo da agitação política que varre o país. Os dois só pensam em instalar-se logo no apartamento quarto-e-sala que alugaram em Copacabana e, assim, começar vida nova.

Desempregado havia anos, Romeu tinha a esperança de conseguir um trabalho graças a uma carta de recomendação do PTB de Porto Alegre, partido do presidente João Goulart. Mal imaginava ele que, exatamente no dia seguinte à sua chegada, a carta já não valeria mais nada, já que um golpe de estado levaria o poder para as mãos dos militares.

 

 

Sinopse 2

Desde os 13 anos, Elis ajudava a sustentar a família, formada ainda pela mãe, Dona Ercy, e Rogério, irmão caçula, que continuavam em Porto Alegre. Mais uma vez não seria diferente: a menina teria que ir à luta.

Foram dois meses batendo de porta em porta até conseguir um contrato com a TV Rio. Lá, Elis começa a cantar no programa “Noites de Gala” e é convidada logo a se apresentar no quartel-general da Bossa Nova: o Beco das Garrafas. Naquela rua estreita, um bar ao lado do outro, embalada a muita fumaça e Cuba Libre, a garota estrábica, ainda considerada uma forasteira, chama atenção dos músicos e jovens compositores.

Voz potente, estilo próprio, ela não demora a carimbar o seu passaporte para a eternidade, transformando-se na maior cantora do Brasil.

Elis vence o “I Festival de Música Popular” da TV Excelsior, em 1965, interpretando “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. No “Fino da Bossa”, programa de maior audiência da TV Record, divide o palco com artistas de todos os gêneros. Para a Pimentinha, como ficou conhecida, o céu parecia o limite.

Sinopse 3

O maior inimigo da cantora, porém, se manifestava de forma involuntária: o seu temperamento. Ciclotímica, ela teve uma vida conflituosa longe dos palcos.

Sua relação com Ronaldo Bôscoli, com quem teve o seu primeiro filho, João Marcello, ficou famosa por brigas e discussões públicas. Suas mudanças bruscas de humor trouxeram inimizades e desafetos. Em cinco minutos, Elis ia da depressão à euforia ou vice-versa tendo ou não acontecido alguma coisa.

Mas o seu grande parceiro musical ainda estava por vir. César Camargo Mariano, maestro e arranjador, foi seu segundo marido. Com ele, Elis teve dois filhos, Pedro e Maria Rita, e produziu oito discos, entre os quais, obras-primas como “Elis & Tom”, “Falso Brilhante”, “Essa Mulher” e “Saudades do Brasil”.

Sinopse 4

Um dos momentos mais difíceis da vida de Elis foi quando, após uma entrevista na Holanda, em que disse que o Brasil era governado por gorilas, foi obrigada a se retratar cantando o Hino Nacional na abertura das Olimpíadas do Exército. O episódio rendeu o seu “enterro” no Cemitério dos Mortos-Vivos do personagem Cabôco Mamadô, para onde o cartunista Henfil, no semanário “Pasquim”, mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar.

Num encontro com o cartunista num restaurante carioca, Elis cobrou satisfações, disse que aquilo era uma grande injustiça, que ele não tinha ideia do que ela tinha passado. Mesmo achando que ela fraquejou, Henfil concordou em desenterrá-la e os dois se reconciliaram.

Sinopse 5

A volta por cima veio com a música “O bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc. Gravada por Elis Regina em 1979, uma das canções politicamente mais engajadas da MPB vira o hino da luta pela anistia, interpretada com grande emoção pela cantora. Contam que ao ouvi-la, Henfil ligou para o irmão, Betinho, que estava exilado, e disse: “Já temos um hino. Agora só falta fazer a revolução”.

Vida breve e carreira meteórica, em 36 anos Elis Regina gravou 27 discos, 14 compactos simples e 6 duplos. Gaúcha, de origem simples e gestos largos, é até hoje considerada a maior cantora do Brasil.

1961

Viva a Brotolândia